MacroSector Consultores prevê queda de 2,3% no PIB do agronegócio em 2019


Entrevista de Fabio Silveira para Broadcast Agro


O agronegócio brasileiro deverá registrar neste ano uma queda no seu Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 2,28% na comparação com o ano anterior, passando de US$ 394 bilhões para US$ 385 bilhões.
Segundo o sócio-diretor da Macrosector Consultores, Fábio Silveira, responsável pelos cálculos, a queda será determinada pelo item Lavouras que deverá ter queda de 3% a 4% em suas receitas, em termos reais, ante crescimento de 4% em 2018, pelo mesmo critério.
No ano passado, segundo Silveira, o item Lavouras havia crescido 7,6% em termos nominais. Neste ano a previsão é de um crescimento de apenas 0,51%, passando de R$ 388 bilhões para R$ 390 bilhões – para as lavouras a Macrosector prefere fazer os cálculos pela moeda local.
Ainda dentro do grupo Lavouras, o prejuízo maior para o PIB do setor virá da queda de 10% em termos reais na receita com as vendas brasileiras de soja e de 15% em termos nominais.
A diminuição da receita com soja se dará pela menor produção, de 117,8 milhões de toneladas na safra anterior para 113 milhões de toneladas na safra atual e pela redução prevista de 4% a 5% no preço do grão no mercado internacional provocada pelo arrefecimento das economias americana, chinesa e europeia.
“Com o esfriamento das economias nos EUA, Europa e China, o nível dos estoques mundiais vão permanecer praticamente estáveis em 2019”, disse Silveira ao Broadcast.
O mesmo se aplica para outros produtos agrícolas de exportação como o café, cuja receita deve despencar 20,6% de 2018 para 2019, de R$ 20,4 bilhões para R$ 16,2 bilhões. A produção do café neste ano, segundo o diretor da Macrosector, deverá cair de 3,6 milhões de toneladas para 3,2 milhões.
“Dos principais itens globais, o único produto agrícola que teve redução de estoques no mundo é o milho”, afirmou Silveira. Mas mesmo assim, segundo o analista, o bom desempenho do milho não tem força suficiente para compensar a queda de receita das demais agrícolas e a migração dos grandes fundos de investimentos dos negócios com commodities agrícolas para os negócios com petróleo.
PIB Agregado
Silveira alertou para o fato de que quando a renda agrícola perde força a economia toda padece. Isso porque o setor responde por 20% do PIB agregado. “Por isso estamos mantendo nossa projeção de crescimento do PIB para este ano em 1,50%, achando que o mais provável é que ele encerre o ano entre 1,4% e 1,3%”, previu Silveira.
O analista disse que até chegou a alimentar alguma esperança de que, com o dólar flertando com os R$ 4,00, algum setor fosse arrastado para um crescimento pouco mais robusto em 2019. “Mas está difícil vislumbrar uma força que puxe algum crescimento já que na América Latina, especialmente na Argentina, a economia não anda bem”, concluiu Silveira.