Indústria ganha mais sustentação em julho

 A produção industrial subiu 0,8%
Por: Carlos Cavalcanti


Em julho, a produção industrial subiu 0,8%, na série com ajuste sazonal. Trata-se de um excelente resultado. Em comparação a julho de 2016, esse crescimento foi de 2,5%. Desse modo, o setor acumulou crescimento de 0,8% no ano, embora ainda apresente declínio de 1,1% nos últimos doze meses.

Após longo período de retração e instabilidade, as indústrias extrativas e de transformação expandiram-se nos meses de abril a julho. Após ajuste sazonal, observa-se crescimento nos meses de abril (+ 1,2%), maio (+ 1,2%), junho (+ 0,2%) e julho (+ 0,8%), o que não se verificava desde o período de maio a agosto de 2012.    Confirma-se, portanto, que houve boa aceleração da atividade industrial, a qual abrangeu 14 dos 24 ramos pesquisados e quatro grandes categorias econômicas na passagem entre junho e julho.

Contribuíram para o resultado de julho o desempenho positivo de bens de consumo duráveis e não duráveis e de produtos intermediários, com destaque para produtos alimentícios (+ 2,2%); coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (+ 1,9%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+ 5,9%); produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+ 4,0%); e mobiliário (+ 6,0%).

A expansão desses segmentos deveu-se à melhora do mercado de trabalho (redução do desemprego e aumento do rendimento real), expansão da oferta de crédito para famílias e empresas, queda dos índices de inflação e aumento da extração de petróleo no Pré-Sal.

Por outo lado, a desempenho desfavorável das atividades de extração (- 1,5%); perfumaria, sabões, produtos de limpeza e higiene pessoal (- 1,8%) e metalurgia (- 2,1%) inibiu o dinamismo do setor.

Os segmentos de veículos automotores e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos se destacaram nos sete primeiros meses do ano, quando apresentaram crescimento de 11,6% e 19,7%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2016.

Outros segmentos que tiveram relevância no acumulado do ano foram: Máquinas e equipamentos (+ 3,1%); Metalurgia (+ 2,5%); Confecção, artigos de vestuário e acessórios (+ 4,9%) e Indústria extrativa (+ 5,2%). Tais números evidenciam os bons resultados oferecidos pelas cadeias minero-metalúrgicas, com desdobramentos em automóveis e bens de capital – têxteis – e bens e equipamentos de tecnologia da informação e comunicação (TICs). Setores, esses, que mais sentiram os efeitos dos anos de recessão.

Com o avanço da produção industrial até julho e os primeiros resultados para o mês de agosto, como o aumento de 17,1% das vendas de veículos em relação ao mês anterior e de 17,7% frente ao mesmo mês do ano anterior, aguarda-se aumento das projeções da atividade industrial para este ano, que, segundo a última edição do Relatório Focus, era de 1,1%.

A MacroSector Consultores estima que a produção industrial deverá encerrar o ano com crescimento de 1,3%, dado o cenário de redução do juro real ao longo do ano e da melhora no mercado de trabalho e nas condições de endividamento das famílias e empresas.